Em cerca de 60 minutos de desfile na Marquês de Sapucaí, uma escola de samba é capaz de emocionar, sensibilizar, educar e promover muitas outras sensações em quem está assistindo, ao vivo ou pela TV. Para que isso aconteça, as escolas de samba fazem atividades o ano todo, sejam elas como integradoras da sua comunidade ou de preparação para o desfile do próximo carnaval.

Ainda que hoje muitas escolas existam apenas para desfilar, há ainda escolas que desfilam porque existem. Ou seja, algumas escolas de samba fazem de suas quadras um pólo cultural da região onde estão inseridas!

Entre essas atividades, estão as feijoadas, shows de samba, cursinhos pré-vestibular, rodas de samba e concursos de samba de terreiro. Para ficar por dentro delas, o ideal é acompanhar as escolas de samba nas redes sociais. As quadras promovem eventos incríveis! Em 2018, tive a oportunidade de estar presente em dois momentos que sempre guardarei na memória: o show da Alcione na quadra do Império Serrano e o show da Mariene de Castro em homenagem a Clara Nunes na quadra da Portela.

Paralelamente a isso, após um pequeno período de férias logo depois dos desfiles na Sapucaí, já tem início o processo de preparação para o carnaval do próximo ano. Dessa maneira, escolas de samba já estão se organizando para o carnaval de 2020! Por enquanto, nos meses de março e abril, as escolas buscam formar suas equipes, com a contratação (ou renovação de contrato) de carnavalescos, coreógrafos da comissão de frente, mestres de bateria, diretores de carnaval, mestres-salas & portas-bandeiras e intérpretes. Para 2020, tivemos mudanças importantes, com a troca de carnavalescos de pelo menos metade das escolas do Grupo Especial.

Após esse período de formação das equipes, as escolas definem seus enredos. Normalmente, essa escolha se dá em conjunto entre a direção da escola e o carnavalesco. Em alguns casos, como na Mocidade para 2020, o enredo (homenagem a Elza Soares) já foi anunciado antes mesmo da contratação do carnavalesco. Essa escolha também é permeada por possibilidades de patrocínio e pelo estilo e histórico de cada escola. Além da Mocidade, outras escolas, como Unidos da Ponte e Paraíso do Tuiuti, já definiram seus enredos para o ano que vem.

Depois que os enredos estão definidos, são publicadas as sinopses. Esse é o mecanismo pelo qual o enredo é explicado, aprofundado. Muitas vezes, tais sinopses são bastante elaboradas, inclusive com referências bibliográficas. Nesse altura do ano, os carnavalescos e demais “heróis de barracão” já trabalham nas fantasias e alegorias, fazendo os desenhos e protótipos.

É depois desse momento que entram os compositores. Com a sinopse na mão, eles compõem os sambas-enredo que vão se apresentar na quadra de cada escola de samba, para que então seja escolhido o hino oficial de cada uma. Esse processo envolve muita gente, pois as apresentações são feitas nas quadras, em várias eliminatórias. Na Mangueira, por exemplo, em 2018, eram 16 sambas concorrentes e foram 6 fases até que o samba da parceria encabeçada por Tomaz Miranda, Deivid Domênico e Manu da Cuíca fosse escolhido! O que aconteceu em 13 de outubro, a menos de quatro meses do carnaval. Há também escolas que não realizam disputas e encomendam o samba a um determinado grupo de compositores.

Nesse meio tempo, as ligas que organizam os desfiles fazem os sorteios que definem a ordem em que as agremiações irão se apresentar. Esse momento é importante, visto que isso pode influenciar na escolha do samba-enredo (se a escola sabe que vai ser a última a desfilar, ela pode escolher um samba mais agitado, por exemplo).

Depois de definidos os sambas-enredo, as escolas começam dois tipos de ensaio: os ensaios-show e os ensaios técnicos. Os ensaios-show acontecem nos fins de semana e contam com a apresentação da bateria e dos demais segmentos da escola (passistas, mestre sala e porta-bandeira, velha guarda, ala das baianas) e, às vezes, com artistas conhecidos do grande público; os ensaios técnicos servem como treino daquilo que a escola vai apresentar na Sapucaí. Eles começam nas quadras e depois vão pras ruas, normalmente no entorno da quadra.

É dessa forma que as escolas se preparam o ano inteiro para aqueles pouco mais de 60 minutos mágicos que vão ser vistos pelo mundo todo, por milhões de espectadores!

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Imagem do post: ensaio técnico na quadra da Mangueira.

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