A vontade de criar receitas sem limitações faz com que o chef Marcelo Barcellos não defina seu restaurante Barsa como sendo de um estilo específico, lá há espaço para influências de várias culinárias. Aberta em 2010 no Cadeg, a casa foi responsável por iniciar o processo de transformação do mercado, que deixou de ser lugar apenas para comprar produtos e comer algo que matasse a fome para se tornar um ambiente de boas experiências gastronômicas!

Tive a oportunidade de conversar com o chef Marcelo Barcellos e conhecer um pouco de sua trajetória de paixão pela gastronomia, cheia de histórias interessantes contadas com brilho nos olhos. Autodidata, o chef trabalhou desde cedo na cozinha, prestou consultorias a diversos restaurantes, até que decidiu abrir o seu próprio estabelecimento. Para comunicar a diversidade que pretendia oferecer em seu cardápio, batizou a casa com o nome da enciclopédia que reinava numa época em que a internet ainda não existia: Barsa! Se você fez trabalhos de escola ou faculdade antes da era Google, sabe bem a amplitude da Barsa, se esse não é o seu caso, clique aqui para entender.

No Cadeg de 2010, onde existiam alguns locais simples para comer rapidamente depois das compras no mercado, o Barsa foi o primeiro restaurante com chef presente, cozinha aberta e pratos sofisticados. A ideia de abrir por lá era ousada, mas bastou a casa iniciar os trabalhos para receber uma crítica de peso, da jornalista de gastronomia Luciana Fróes, muito positiva, logo na primeira semana! De lá para cá, não apenas o Barsa consolidou seu sucesso, como todo o entorno também cresceu, outros chefs chegaram e o Cadeg se tornou point de refeições gostosas, descontraídas e ainda com vinhos a preços abaixo da média, já que o mercado tem vários revendedores de vinhos.

Em 2019, o Barsa inaugurou sua segunda unidade, dessa vez no outro lado da cidade, também num lugar que está se tornando polo gastronômico: o Uptown na Barra da Tijuca. Foi num almoço no Barsa do Uptown que, com muita gentileza e generosidade, o chef Marcelo Barcellos compartilhou comigo não só a mesa, como algumas experiências inspiradoras, a exemplo de sua recente expedição à Amazônia, onde acompanhou a rotina dos índios na produção sustentável do pirarucu selvagem! O peixe, que estava quase extinto há cerca de 10 anos, hoje é produzido em larga escala graças à sabedoria milenar dos índios. Fiquei boquiaberta ao saber que o pirarucu deve ser pescado com peso entre 60 e 150 kilos (os que têm menos de 60 ainda estão crescendo e os que têm mais de 150 são importantes para a reprodução) e os índios conferem seu peso através da bolha de ar que chega à superfície do rio em função do processo respiratório do peixe.

Acha que essa técnica rudimentar pode não ser eficaz? Pois saiba que um tecnológico equipamento alemão foi levado à Amazônia para aferir esse procedimento. Resultado: taxa de erro dos índios abaixo de 1%! Outra questão importante na produção do pirarucu é que, na aldeia indígena, o trabalho é organizado de forma que os homens são responsáveis pela pesca e as mulheres, pela limpeza e porcionamento do peixe. Dessa maneira, não apenas o pirarucu é produzido respeitando as leis da natureza e mantendo a espécie longe do risco de extinção, como também é uma atividade rentável para toda a comunidade. E foi com esses indíos que o chef Marcelo (junto a outros chefs do Rio de Janeiro e São Paulo) passou alguns dias, vivendo o cotidiano deles na Amazônia e trocando conhecimento sobre insumos, técnicas, receitas. Sensacional, não é?! De fato, nosso país é muito rico…

Tão emocionante quanto conhecer essas informações dos bastidores foi experimentar a moqueca amazônica de pirarucu selvagem refogada com hadock, que chega à mesa acompanhada de arroz de brócolis e farofa panko com castanhas e ervas. A apresentação enche os olhos, com uma linda panelinha de pedra. E o prato, onde o peixe de carne tenra e gosto suave contrasta com o sabor intenso do hadock e ainda brinca com a textura da farofa panko, é indescritível! Entrou para minha lista de preferidos instantaneamente.

E como se não fosse suficiente, também provei o carro chefe da casa: o arroz de pato ao Barsa – pato ao vinho com ervas, cebolas portuguesas, azeitonas verdes e linguiça portuguesa picante. Sério, que espetáculo! Comida feita com paixão, dedicação, conhecimento! Ah, para entrada, o lombo de bacalhau Gadus Morhua (bacalhau, alho dourado, azeitonas, cebolas, alcaparras com torradas de pão artesanal da casa) também estava maravilhoso.  Acho que o Barsa é daqueles restaurantes para experimentar todos os pratos e se encantar por tudo… E o chef também gosta de realizar eventos com jeito de festa gastronômica, como a Panelada do Chef, que tem sua próxima edição no dia 31/10 no Cadeg e no dia 08/11 no Uptown, com cardápio fechado  (entradas + primeiro prato + principal + café com brownie por R$ 130) oferecendo um passeio pelas variadas receitas do menu.

O Barsa do Cadeg (Rua Capitão Felix, 110 – Benfica) abre de segunda a quinta das 12h às 16h e de sexta a domingo das 12h às 17h, o Barsa do Uptown (Avenida Ayrton Senna, 5500 – Barra da Tijuca) abre de segunda a quarta das 12h às 16h e de quinta a domingo das 12h às 23h. Mais informações no site, Facebook e Instagram do Barsa Restaurante.

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