Fundada a partir da fusão de três escolas do Morro do Salgueiro, a vermelho e branco da Tijuca completa 67 anos em 2020! Ao longo da história, a escola teve muitos enredos sobre negros e refrões marcantes.

Considerada uma das “matriarcas do samba”, a Acadêmicos do Salgueiro já conquistou 9 campeonatos do carnaval carioca, sendo o último em 2009. Apesar de ter ficado muito famosa por explodir o coração na maior felicidade, o Salgueiro é muito mais do que esse refrão.

A escola foi fundada em 05 de março de 1953, fruto da fusão de escolas de samba que já existiam no Morro do Salgueiro. Até o início dos anos 1950, co-existiam três escolas de samba naquela região: a Azul e Branco, a Unidos do Salgueiro e a Depois Eu Digo. 

Cada uma tinha sua importância: a Azul e Branco, por exemplo, que era liderada pelo sambista Antenor Gargalhada, funcionou como uma associação de moradores nos anos 1930 quando Emílio Turano, que alegava ser proprietário das terras do morro, quis despejar os mais de 7000 moradores do local. 

Mesmo assim, essas escolas não conseguiam ameaçar o domínio da Mangueira, Portela e Império Serrano. Por isso, após o carnaval de 1953, um grupo de sambistas, liderados por Geraldo Babão, começou um movimento para a unificação das escolas de samba do morro. Num primeiro momento, houve a fusão entre a Azul e Branco e a Depois Eu Digo, fundando o Acadêmicos do Salgueiro. Posteriormente, os sambistas da Unidos do Salgueiro também aderiram à nova escola, fazendo com que a recém criada agremiação já nascesse grande: no seu primeiro desfile, em 1954, o Acadêmicos do Salgueiro conquistou o 3º lugar.  

”Em 59
Balançamos a roseira
Demos susto na Portela
Derrubando o Império e a Mangueira
Por 1 ponto e meio
Perdemos a grande vitória
Mas fomos vice-campeões
Com orgulho e glória”

Em 1959, como diz o samba de Binha, a escola balançou a roseira e foi a vice-campeã do carnaval, deixando Império Serrano e Mangueira para trás. Além de quase chegar ao título, a escola chamou a atenção de Fernando Pamplona, que era jurado naquele ano. Em 1960, Pamplona veio para o Salgueiro para cumprir a função de carnavalesco, iniciando uma verdadeira revolução no carnaval. 

Foi a partir da chegada de Pamplona ao Salgueiro que personalidades negras passaram a ser tema de enredo na escolas de samba. A vermelho e branco ganhou o título de 1960 com “Quilombo dos Palmares” e homenageou Aleijadinho em 1961, Xica da Silva em 1963 (mais um título), Chico-Rei em 1964 e Dona Beja em 1968. Foi também no Salgueiro que se formou uma geração de grandes carnavalescos, como Joãosinho Trinta, Maria Augusta, Rosa Magalhães, Arlindo Rodrigues. Lícia Lacerda e Renato Lage. Todos esses chegaram à escola e ao carnaval convidados por Pamplona. 

Com ou sem Pamplona, a temática negra se manteve presente na escola, como em “Festa Para Um Rei Negro” (1971), “Templo negro em tempo de consciência negra” (1989), “Candaces” (2007), “A Ópera dos Malandros” (2016), “Senhoras do Ventre do Mundo” (2018), “Xangô” (2019) e “O Rei Negro do Picadeiro” (2020). 

E não é só no quesito enredo que o Salgueiro é fundamental para o carnaval carioca. Desde sua fundação, a escola contou com grandes compositores, como Noel Rosa de Oliveira, Geraldo Babão e Anescarzinho, e uma excelente bateria, hoje conhecida como Furiosa. Foi também por conta do Salgueiro que surgiu o termo passista, para nomear Paula do Salgueiro, que cativava a todos com seus incríveis passos de dança!

Diferente de outras agremiações, que tiveram altos e baixos em suas trajetórias, o Salgueiro nasceu grande e se manteve grande ao longo dos anos. Isso pode ser medido tanto pela sua presença nas primeiras colocações do carnaval (em 2020, ficou pela 13ª vez seguida entre as 6 melhores do carnaval), como pela força da sua comunidade, sempre presente nos ensaios, ou ainda pelos seus enredos e seus sambas. 

Em 2020, com a homenagem a Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, a escola conquistou o 5º lugar e mostrou que nela o negro não sai de cartaz!

*Foto principal do post: ala do Acadêmicos do Salgueiro em 2020. Crédito: Érica Modesto.

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