Natural de Bolonha, na Itália, Andrea Panzacchi esteve no Rio pela primeira vez há cerca de 20 anos. Se encantou pelo carnaval e passou a vir todo ano, aí foi se envolvendo com a cultura carioca, com a atmosfera da cidade… Quando percebeu, estava passando quase metade do ano por aqui! Então, tomou a decisão de trazer as malas e iniciar uma nova vida. Em breve, o chef italiano comemora 10 anos de sua Vero Gelateria, onde oferece gelatos irretocáveis e inusitados.

Em uma conversa com Andrea, ficam logo evidentes duas grandes paixões: o Rio de Janeiro e o gelato italiano, que ele afortunadamente conseguiu reunir, já que comanda uma das melhores gelaterias da cidade! Cada etapa do minucioso processo de produção de seus sorvetes é pensada com extremo cuidado para que o resultado final seja perfeito. Tanta dedicação e precisão já renderam muitos prêmios, clientes fiéis e sorrisos largos nos rostos de quem experimenta os sabores sempre variados e frescos na Vero!

Tive a incrível oportunidade de acompanhar Andrea na feira livre, ver o chef escolher suas matérias primas, e depois ir direto para a produção na gelateria – quando frutas frescas viraram sorvete diante dos meus olhos! Entusiasta de insumos brasileiros, Andrea gosta de deixar claro que seus gelatos são verdadeiramente italianos em função das técnicas utilizadas, mas os ingredientes ele faz questão de que sejam brasileiros. Completamente avesso a sabores artificiais, ele me contou que seu processo criativo começa na feira, onde conversa com os feirantes e experimenta os produtos.

E ele não fica apenas nas frutas… Esses dias mesmo, enquanto circulava pelas bancas na Praça General Osório numa terça-feira pela manhã, viu ervilhas tão bonitas que teve vontade de transformá-las em sorvete! E assim fez em seu laboratório na Vero, produzindo o primeiro sorvete de ervilhas do Rio de Janeiro. Mas talvez esse nem seja o sabor mais original já criado por Andrea. Conhecido de chefs renomados e de apreciadores da gastronomia, ele está acostumado a receber pedidos desafiadores. Um exemplo é o sorvete de mostarda, que foi encomendado para acompanhar linguiças alemãs numa celebração e fez o maior sucesso. Segundo o chef, qualquer coisa de comer pode virar gelato!

Mas, para que seja o gelato perfeito, muito estudo é necessário. Às vezes, são diversos testes até que um novo sabor esteja de acordo com o altíssimo padrão da Vero em termos de paladar, textura, frescor. Há um processo que envolve bastante conhecimento de características dos insumos e de reações químicas para chegar no nível de gelato que Andrea se sente feliz em entregar aos seus clientes na gelateria, aos que encomendam para levar para casa e também aos diversos estabelecimentos que têm a Vero como fornecedor. Algo que fiquei impressionada foi o prazo no qual o chef atende a pedidos: em apenas 24 horas a entrega é feita, mesmo que seja uma grande encomenda vinda de um restaurante que utiliza muitos litros de sorvete por semana.

Contando com máquinas super potentes importadas da Itália, a produção da Vero começa todos os dias às 7h. Quando a loja abre, três horas depois, cerca de 30 sabores recém feitos estão à disposição dos clientes! Sim, todos os sorvetes à venda são produzidos diariamente. Tamanha agilidade é possível porque Andrea valoriza o fator humano. Desde o início, o chef investe em treinamento da equipe e proporciona um excelente ambiente de trabalho. O resultado é um time bem preparado e apto para tocar a Vero mantendo o padrão mesmo quando ele não está por lá.

Acredito que conhecer a história por trás do que gostamos de comer pode transformar nossa relação com a comida… E a experiência que vivi com Andrea foi especial e emocionante! Em algumas horas, acompanhei o chef desde a escolha de jabuticabas na feira, até o gelato de jabuticaba pronto, passando por cada etapa artesanal (a higienização da fruta, a transformação em suco, a adição da base do sorvete). Pareceu mágica quando a massa brilhante e gelada de cor roxa saiu da máquina prontinha para ser consumida!

Andrea também me explicou sobre sua decisão de investir no equipamento de alta qualidade – suas máquinas italianas valem uma cifra impressionante, pois têm capacidade de pasteurização eficaz e resfriamento rápido, e funcionam diariamente desde a inauguração da Vero, em 21/12/2010. A loja não fechou nem por um dia ao longo desses quase 10 anos (nem mesmo quando mudou de endereço, já que a loja antiga fechou num sábado e a nova abriu num domingo)!

Uma curiosidade que é pista para entender o amor de Andrea pelo processo de fabricação dos gelatos: ele tem formação em sommelier, mas ao chegar no Brasil preferiu seguir um caminho no qual pudesse produzir algo desde o início. Achou que havia espaço no mercado carioca para sorvetes muito especiais e então apostou na Vero! Ah, atualmente a Vero também oferece pizzas em fatias, trazendo mais um costume da Itália diretamente para Ipanema. A loja fica na Rua Visconde de Pirajá, 229 e abre todos os dias a partir das 10h. Leia também a matéria sobre a Vero.

Esse é o primeiro post da Série Cariocas de Coração, que vai contar histórias de personalidades que não nasceram no Rio, mas se apaixonaram pela cidade e a escolheram para viver. ❤️

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