Parte de uma trilogia de peças infantis em homenagem ao mundo de Oz, “O Menino Feito de Trapos” aborda a história do espantalho por um outro viés, um boneco de pano. A obra é da Cerejeira Produções, co-fundada pelo ator diretor e roteirista Mau Alves, também responsável por “Minha Adorável Verde Vida”, que ficou em cartaz no Rio por dois anos.

“O Menino Feito de Trapos” conta a história de uma doce e peralta menina de rua, Lara, que foi abandonada num orfanato. Ela se sente muito sozinha e sonha em encontrar um amigo com quem desfrutar o tempo. Até que acha, jogado na rua, um boneco de linha desfiando que a transporta para seu mundo, uma caixa de costuras. É comovente a riqueza do universo de fantasia das brincadeiras dos personagens, duas crianças brincando juntas com total identificação e muita alegria.

Lara é interpretada por Malu Cordioli e Mau Alves dá vida ao menino feito de trapos. O casal de atores é muito carismático! A história é uma graça e a música é encantadora, principalmente a canção que fala de abandono. Todo ser humano quer ser amado e aceito, é nossa necessidade primeira – esse me pareceu ser o mote da peça nas entrelinhas. O carisma dos atores impactou a criançada da plateia que ria sem parar. É uma história simples, mas que toca num tema a ser pensado: adoção e o abandono de milhares de crianças.

Os pequenos não reparam, para eles é mais uma tarde leve e divertida, como deve ser, mas nós adultos levamos a questão para casa. Então, aproveito o ensejo para contar que aqui no Brasil o número de crianças e adolescentes que esperam para ser adotados é enorme, mas uma coisa que pouca gente sabe é do número de pessoas que querem adotar.

São aproximadamente 43 mil pretendentes para menos de nove mil crianças em busca de uma família. Por que esse disparate? Além de toda burocracia do processo, o Cadastro Nacional de Adoção (CNA) aponta que apenas 5% dos cerca de 43 mil candidatos a mãe/pai adotivo aceitam crianças de nove anos de idade ou mais. No entanto, é nesse grupo que estão mais de 60% das crianças aptas a serem adotadas em abrigos no Brasil.

No espetáculo, a menina de rua deve ter por volta desta idade, ou seja, dentro dessas estatísticas, é bem provável que ela não realize seu sonho de ser acolhida no seio de uma família amorosa. Além da idade, outro fator dificultador pela seleção das famílias são características restritas na hora de adotar, esquecendo o verdadeiro perfil das crianças que estão disponíveis para adoção: maiores de cinco anos, pardas ou negras, deficientes, com doenças crônicas ou irmãos. Os números mostram, por exemplo, que 17% dos casais só querem crianças brancas e quase 65% não quer adotar um grupo de irmãos.

O diretor, que também é autor do texto, diz que não é preciso ter assistido à peça anterior – “Minha Adorável Verde Vida”, que abordava a infância da Bruxa Má do Oeste e do Leão Medroso, ambos personagens de “O Mágico de Oz” –  para poder mergulhar no “O Menino Feito de Trapos”. Em breve, um terceiro musical será lançado, envolvendo o Homem de Lata, para completar a trilogia.

Cerejeira Produções apresenta “O Menino Feito de Trapos”, de 12/01 a 16/02, aos sábados às 16h, no Teatro Serrador (Rua Senador Dantas, 13, Centro – ao lado do metrô Cinelândia). Ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia). Duração: 50 minutos.

O mesmo elenco está em cartaz ali mesmo nas noites de 5ª a sábado, às 19:30h, no espetáculo “Rapsódia – O Musical”, voltado para o público adulto, também até 16/02. Aproveite!

Crédito das fotos: Cerejeira Produções

*A experiência contada nesse post foi uma cortesia do espetáculo.

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