Unindo música, teatro e língua portuguesa, o texto “O Confuso e Misterioso Roubo das Vírgulas”, de Iuri Kruschewsky, chega ao palco através da dramaturgia e direção de Pedro Emanuel. Três amiguinhos de férias no sítio da vovó têm que desvendar um instigante crime, um roubo de vírgulas! Quem será este misterioso ladrão? A peça traz comédia, suspense e aventura para a criançada. 

• Post escrito pela colaboradora Carolina Machado. 

A peça “O Confuso e Misterioso Roubo das Vírgulas” estreou no Rio em 2013, foi apresentada em diversos teatros e eleita pela Veja Rio como uma das cinco melhores peças infantis daquele ano. Agora está de volta à cidade, no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana. O título me deixou intrigada a desvendar esse mistério. Quem estará roubando as vírgulas e por quê?

Fui acompanhada do meu filho de 2 anos, que ainda tão novinho, já me pede para ir ao teatro. Também levei minha afilhada de 10 anos, que a convite do ator protagonista, Zeca Richa, foi animadíssima sentar-se lá na frente, no palco, com outras crianças. Assim, já fui cativada pelo ambiente logo de cara, como se tivesse mesmo adentrando na saudosa casa da vovó!

O curioso é que essa é a primeira incursão da Cia em Obras no universo infanto-juvenil. Pareciam tão à vontade nesse mundo. Fiquei com vontade de ver também um espetáculo da companhia voltado para o público adulto. O teatro estava bem cheio, a peça é convidativa, os atores são carismáticos e fisgam o público, as crianças participam ativamente da história e nós adultos rimos bastante também.

A meninada se sente incentivada a ajudar os personagens no afã de pegar o ladrão. Para quê ele estaria roubando as vírgulas das cartas, das receitas e das contas de consumo? O texto de Iuri Kruschewsky no qual é inspirada a trama é maravilhoso! Num sítio do interior, onde há mais bichos que gente, um curioso crime acontece: todas as vírgulas são roubadas. Tudo que pode ser escrito (e até falado) respeitando a utilização das vírgulas está ameaçado!

Dividem o palco de “O Confuso e Misterioso Roubo das Vírgulas”, entre confabulações e músicas autorais da própria Cia em Obras, os atores Zeca Richa, Bruno Quaresma, Rubi Schumacher, Mário Terra e Eduardo Parreira. Durante o espetáculo, eles tocam guitarra, ukelelê, violão e cajón. O CD é vendido no final da peça.

Joãozinho tem 10 anos, Fabi, 9, e Pedroca tem 6. Eles estão empolgados com as férias no sítio da vovó. De repente, as vírgulas são roubadas pela primeira vez na carta que Joãozinho escreve para Fabi, amiguinha que mora no sítio ao lado. A amizade quase termina porque sem as vírgulas o texto perde o sentido ou pior ainda, se distorce, já pensou? As vírgulas passam a desaparecer de todo tipo de documento escrito e deixam a cidade à beira de uma calamidade. É aí que começa a aventura: desvendar a identidade do ladrão de vírgulas!

No final de “O Confuso e Misterioso Roubo das Vírgulas”, a gente tem acesso à carta lida em cena – sem as vírgulas, para que sejam colocadas pelas crianças. Uma excelente atividade lúdico-pedagógica. Não é spoiler eu dizer isso, conto para você não esquecer de pegar a sua!

Demos muitas gargalhadas, há cenas brilhantes, como o menino quase resfriado no ringue com o vírus da gripe e a do bolo que sola pela ausência de vírgulas da receita. Peça muito divertida, texto original e final surpreendente, aliás, que fofice de desfecho! Parece que o autor realmente tem alma de criança.

Eis aqui um espetáculo que resgata a língua portuguesa e principalmente a riqueza da criança que brinca ao ar livre e na companhia real de amigos, além das músicas autorais narrando a história. Um incentivo ao público infantil, uma contribuição deliciosa de divertimento e cultura. Colégios deveriam marcar excursão para vivenciar essa história, afinal, quem poderia imaginar que um mundo sem vírgulas geraria tanto caos?

“O Confuso e Misterioso Roubo das Vírgulas” fica no Teatro Glaucio Gill (Praça Cardeal Arco-Verde, s/n – Copacabana, coladinho no metrô), até 7 de outubro, com sessões aos sábados e domingos,  às 17h. Ingressos custam R$30 inteira e R$15 meia na bilheteria (21 2332-7904) ou pelo site do Ingresso Rápido. E tem lista amiga no evento da peça no facebook por R$10. 

Crédito das fotos: Fabio Cardoso

*A experiência contada nesse post foi uma cortesia do espetáculo.

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