Sabe aquelas peças teatrais que são pura sensibilidade, capricho e ainda têm algo a dizer? Eis aqui um exemplo. Mas acho que não estou contando nenhuma novidade quando por trás dessa história está este trio genial: Adriana Falcão + Duda Maia + Ricco Viana! Uma joia para o público infanto-juvenil, “A Gaiola” fala de separação através da relação de uma menina com um passarinho.

Adriana Falcão, autora do livro homônimo indicado ao Prêmio Jabuti em 2014, assina a dramaturgia do musical junto com Eduardo Rios. “A Gaiola” tem direção de Duda Maia, que faz um trabalho corporal maravilhoso, ela brinca com o corpo inteiro dos atores, desde as bochechas ao dedão do pé, a direção musical é de Ricco Viana e o cenário lindo do artista plástico João Modé.

A gaiola que você vê nas fotos é montada em cena pelos próprios atores, Carol Futuro e Pablo Áscoli. As músicas cantadas no palco, belíssimas, foram especialmente criadas para a peça, inspiradas no livro. Algumas são de autoria do Ricco com o Eduardo, outras só do Eduardo. Exímio trabalho e puro lirismo.

A parceria estrelada entre Duda Maia, Eduardo Rios e Ricco Viana se repete. Eles já trabalharam juntos em “Contos Partidos de Amor”. “A Gaiola”, que retorna ao Rio e já passou por várias cidades brasileiras, além de África e Portugal, deu início à trilogia “Três Histórias de Amor para Crianças”, idealizada por Duda. Em seguida veio “Contos Partidos de Amor”, que fala de ciúmes e aproveito pra informar que volta em novembro para nova temporada no CCBB (leia aqui nossa matéria sobre a peça).

“A Gaiola” conta a história de amor, amizade e liberdade entre uma menina e um passarinho que tem início quando a menina encontra o bichinho ferido caído em sua varanda. Ela passa a cuidar dele e com a convivência se apaixonam. Quando o passarinho fica curado, na hora da despedida, pede a menina que o prenda numa gaiola e assim ela o faz.

Mas se lugar de passarinho é no céu e lugar de menina é na terra isso logo vai dar choque. Menina e passarinho só têm olhos um para o outro até que um dia ela o flagra encantado pela beleza do dia e uma crise se instaura entre os dois. E aí começa uma reflexão sobre a tentativa inútil de se querer prender o amor.

Os textos de autoria de Adriana Falcão fazem pensar. Convidam as crianças para uma reflexão e isso é muito rico, como não aproveitar? Tivemos a oportunidade de assistir outro teatro baseado em obra sua, “Lá Dentro tem Coisa”, que traz temas relevantes ao desenvolvimento humano e seria bom se fossem abordados com a criança desde cedo.

“A Gaiola” tem um texto sensível, a peça fala com delicadeza sobre o tema da separação, toca na nossa dificuldade de deixar o outro voar. É um espetáculo com palavra, pensamento e muitos questionamentos. Aqui o amor é visto de forma livre e libertária, mas a gente sabe que isso não é fácil. Ao longo da vida passamos por um bom bocado de perdas que geram sentimentos de tristeza.

Numa entrevista que li com a autora, ela diz: “Separação é muito triste e você fica se perguntando se tem um jeito de dar certo, da gente nunca perder” e sem precisar de uma gaiola. Que peso esse de achar que só somos felizes com o outro, são expectativas irreais. Quem não se identifica que jogue a primeira pedra.

“A Gaiola” venceu os principais prêmios do teatro infanto-juvenil em 2016, ano de sua estreia: Prêmio de Teatro CBTIJ em sete categorias, 5º Prêmio Botequim Cultural em cinco categorias e Prêmio Zilka Sallaberry em três categorias. Então, se você for gente, corre, e se for passarinho… voe! “A Gaiola” desperta amores. 

“A Gaiola” tem curta temporada no Teatro Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema – 21 2332-2015) de 13/10 a 04/11. Sessões aos sábados e domingos, às 16h. Ingressos custam R$40 (inteira) e R$20 (meia). Duração: 50 min. A classificação indicativa é livre, acredito que a partir de 8 anos já dá para acompanhar e para os menorzinhos o estético chama atenção por si só. Meu filho de 2 anos ficou imitando os gestos (coreografia) dos atores e só não conto mais para não dar spoiler. Mais informações no facebook de “A Gaiola”.

Leia também as matérias sobre “Contos Partidos de Amor” e “Lá Dentro Tem Coisa”.

Crédito das fotos: Guga Melgar

*A experiência contada nesse post foi uma cortesia do espetáculo.

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