Exposição internacional com realidade virtual, idealizada pelo canadense Robert Lepage/Cia Ex Machina, revela o lado mítico e filosófico das bibliotecas. Montada no pátio do Sesc Copacabana, é uma viagem de primeira classe pelas bibliotecas do mundo, físicas e lendárias. Uma das vivências mais legais pelas quais já passei e ainda com entrada gratuita. Fascinante e imperdível!

A exposição imersiva “A Biblioteca à Noite” é inspirada no livro de mesmo nome do escritor argentino Alberto Manguel. Você faz uma visita virtual a dez bibliotecas, reais e imaginárias. Um deleite para os amantes dos livros e das bibliotecas. Achei tão incrível que já fui duas vezes! Funciona de quarta a domingo, mediante agendamento prévio e crianças acima de 10 anos são bem-vindas.

A mostra oferece aos visitantes uma experiência ao mesmo tempo cenográfica e virtual, seguindo um roteiro de dez bibliotecas espalhadas pelo mundo. É um convite a uma viagem de Sarajevo até a Cidade do México, passando pela mítica biblioteca de Alexandria até o fundo dos mares a bordo do Nautilus, das “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Júlio Verne. Além disso, os visitantes poderão participar de seminários e outras ações integradoras, como shows e saraus poéticos, espetáculos teatrais, oficinas e feiras de troca de livros (saiba mais acessando a programação da mostra aqui).

O primeiro espaço é uma reprodução da biblioteca francesa do próprio Alberto Manguel, permitindo que o público adentre em seu universo enquanto se aclimata à relativa escuridão que caracteriza a exposição. A segunda sala, a floresta, é o coração da experiência cenográfica. Ali viajaremos usando óculos de vídeo tridimensional, que nos transportarão para uma realidade virtual, explorando a tecnologia de imersão conhecida como 3D 360 ° VR.

Nascido em Buenos Aires em 1948, o escritor Alberto Manguel viveu em Israel e no Taiti até se mudar para Toronto nos anos 80, onde se tornou cidadão canadense. Atualmente é diretor da Biblioteca Nacional da Argentina, cargo ocupado anteriormente por ninguém menos que… Jorge Luis Borges (1889-1986), grande nome da literatura argentina! Meu coração chega a dar cambalhota de euforia! Em seu livro “A Biblioteca à Noite”, Manguel discute as dimensões filosóficas, lógicas, arquitetônicas e sociais que fundamentam a existência de qualquer biblioteca. Ideia peculiar e convidativa, a meu ver.

Robert Lepage, idealizador da exposição, é artista multimídia e encenador premiado, fundador da Ex Machina, companhia de produção multidisciplinar com quem realiza espetáculos teatrais, óperas, vídeos, filmes e exposições. Concebeu a exposição “A Biblioteca à Noite” em 2016, para celebrar o 10º aniversário da Biblioteca e Arquivos Nacionais de Quebec. Em 2017, o trabalho foi exibido na Biblioteca Nacional da França.  Depois de passar por Moscou, Nantes, Tarbes e São Paulo, no Sesc Avenida Paulista, a exposição chega ao Rio de Janeiro.

As 10 bibliotecas apresentadas na exposição “A Biblioteca à Noite” são:

  • Biblioteca da Abadia de Admont (Áustria): maior biblioteca monástica do mundo, construída no Iluminismo.
  • Templo de Hase-dera (Japão):  situado nas alturas de Kamakura, foi onde os monges copistas começaram a registrar as palavras de Buda.
  • Biblioteca de Nautilus: baseada no romance “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Júlio Verne, retrata a esplendorosa biblioteca do capitão Nemo, que contém 12 mil obras de ciência, moral, literatura, escritas em uma multiplicidade de línguas.
  • Biblioteca Nacional de Sarajevo (Bósnia e Herzegovina): construída no final do século XIX em estilo arquitetônico neomourisco abrigou originalmente a prefeitura. Quase foi destruída em 1992, durante o cerco de Sarajevo.
  • Biblioteca de Alexandria (Egito): a mítica biblioteca mãe de todas as bibliotecas, que nasceu da vontade dos primeiros faraós de reunir todo o conhecimento existente.
  • Biblioteca de Vasconcelos (México): num prédio belíssimo na Cidade do México, pode ser vista como uma enorme arca moderna onde livros, prateleiras e conhecimento flutuam no espaço, e à qual as pessoas podem se refugiar em caso de ameaças sísmicas que atormentam a região.
  • Biblioteca Real (Dinamarca): construída em 1855, a Biblioteca de Ciências Sociais da Universidade de Copenhague tem atualmente utilidade puramente estética e acústica. Seus livros não estão classificados nem listados, sendo, portanto, chamados de livros mortos.
  • Biblioteca do Parlamento de Ottawa (Canadá): a biblioteca da capital canadense ostenta orgulhosamente seu estilo vitoriano e abriga, essencialmente, documentos legais.
  • Biblioteca de Sainte-Geneviève (Paris): sua construção foi confiada ao audacioso arquiteto Henry Labrouste. Na época de sua inauguração, em meados do século XIX, o edifício foi testemunha de vários avanços tecnológicos, como o início do uso de elementos estruturais em ferro fundido. Mas o mais importante deles foi certamente a introdução da iluminação a gás, que permitiu estender o horário de funcionamento da biblioteca para bem além do que era permitido pela luz natural do sol. Aqui é interessante acrescentar mais uma contribuição da exposição: uma aula de arquitetura!
  • Biblioteca do Congresso Americano (EUA): a cidade de Washington se estende em uma vista 360º em torno do visitante através das janelas circulares da cúpula da biblioteca.

Achei que ficou faltando o Gabinete Português, uma joia arquitetônica da cidade do Rio de Janeiro. Mas mesmo assim valeu muito! É uma experiência rica, num ambiente bonito e acolhedor, de aprendizado. Dá prazer de vivenciar algo muito bem feito, não dá para perder essa exposição de jeito algum! Uma vez ali você vai receber o material completo sobre as bibliotecas retratadas e a história por trás da biblioteca em cena. Profissionalismo e capricho definem este evento tão original.

Uma exposição onde, no primeiro momento, a biblioteca do autor é fielmente reproduzida e logo, em sua extensão, abraça a tecnologia, faz refletir sobre o lugar do livro atualmente, numa época em que o mundo digital é uma ameaça ao mundo físico. “A Biblioteca à Noite” é uma imersão ao mundo dos livros, lembrando que a leitura enriquece, desperta e transforma. Citando Alberto Manguel: “a leitura é um rito de renascimento”.

“A Biblioteca à Noite” acontece no Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana) de 12/09/19 a 26/01/20. Entrada gratuita, porém a visitação é somente mediante agendamento prévio. De quarta a domingo, das 9h30 às 20h. As terças-feiras são reservadas para escolas e grupos. Classificação etária: 10 anos. Disponível em português e inglês. Para agendar clique aqui.

Assista aqui entrevista com Robert Lepage. E aqui o trailer oficial de “The Library at Night”. Mais infos no site de “A Biblioteca à Noite”. A visita dura  em torno de 30/40 minutos. Programação completa dos eventos acontecendo em paralelo à exposição aqui. E aqui um vídeo de Alberto Manguel falando sobre  como a literatura nos transforma.

Para combinar ao passeio, indico uma voltinha por Copacabana, esse bairro vívido e tão carioca. Ali na rua do SESC tem a Cantina Donanna (Rua Domingos Ferreira, 63), restaurante italiano tradicional. Ou o La Copa (Rua Domingos Ferreira, 122), restaurante intimista recém inaugurado especializado em vinhos e carnes argentinas.

E se você é cinéfilo, fã de Eduardo Coutinho e ainda não viu de perto o Edifício Master, imortalizado em um de seus mais célebres documentários, fica a poucos passos do SESC, no nº 125.

Crédito das fotos: Ex Machina

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