Carnaval de rua no Rio: guia de sobrevivência

Carnaval no Rio é coisa séria! A cidade ferve com muita folia pelas ruas, os blocos estão se multiplicando e algumas dicas são essenciais para quem quer curtir essa grande festa ao máximo. Confira aqui as sugestões de um apaixonado pelo carnaval carioca, com experiência de nada menos que 14 carnavais vividos na cidade!

Post escrito pelo colaborador Bernardo Pilotto.

Esse “guia de sobrevivência” é fruto da minha experiência pessoal, visto que desde 2006 frequento, sem falta, o carnaval. Seguem as principais dicas para aproveitar muito:

1) Apesar de ser carnaval e ser Rio de Janeiro, as coisas tem horário! Normalmente, os blocos divulgam um horário de concentração e um horário de saída/começo. O horário divulgado amplamente é o de saída/começo. Então fique atento. Evite chegar atrasado, senão você vai ser aquele folião de xepa de bloco, que só vê o trio/a banda de muito longe ou chega na hora que a coisa acabou e só tá aquele fim de feira. Se você vai ficar numa casa com muitas pessoas, saiba que você deve fazer um grupo menor, de 2 a 4 pessoas, para seguir o roteiro proposto, senão você vai sempre se atrasar e vai acabar não aproveitando quase nada.

Não fique no bloco tentando achar as pessoas, pois desta forma você não conseguirá aproveitar. Combine um local no começo e um local ao final. Ou combine que vocês sempre estarão, por exemplo, do lado direito do cortejo – assim já é o suficiente. Cuidado também ao tentar em ir em muitos blocos no mesmo dia: talvez você passe muito tempo se deslocando e pouco tempo aproveitando. Tenha uma prioridade diária. O bloco que seu amigo postou no Instagram no outro lado da cidade não está melhor (ou pode até estar, mas até você chegar nele já vai ter acabado…).

2) Evite andar de carro ou de ônibus. Serão cerca de 400 blocos pelas ruas da cidade ao longo do carnaval. Logo, a chance de uma rua estar bloqueada é sempre muito grande. Use metrô: no carnaval, ele funciona durante 24 horas (exceção da noite de terça para quarta de cinzas). O passe do metrô é um cartão, onde você coloca crédito. Há dois tipos de cartão: o RioCard (que funciona também no trem, BRT, VLT, ônibus e barca) e o cartão do MetrôRio (que agora se chama GIRO), que funciona só no metrô (e aceita também pagamento com cartão de crédito). Você consegue adquirir o RioCard facilmente em qualquer estação de VLT (e tem estação na saída do Santos Dumont e da Rodoviária) ou no Aeroporto do Galeão. O cartão GIRO pode ser comprado em qualquer estação de metrô. É também possível pagar o metrô com cartão de crédito VISA por aproximação, direto na catraca.

Minha sugestão é colocar crédito suficiente para todo o carnaval no seu cartão (GIRO ou Riocard) o quanto antes for possível, para evitar as longas filas durante os dias de folia. Se você puder escolher onde vai ficar, sempre opte por algum lugar próximo ao metrô.

3) Não saia de casa sem uma doleira e/ou pochete. É a melhor maneira de você evitar furtos/roubos e curtir o carnaval tranquilamente. Elas são vendidas em vários locais do Rio, especialmente em saídas de metrô e no centro. Tem de todos os preços, muitas a partir de R$ 10. Eu descumpri essa regra por 5 minutos em 2017 e tive meu celular furtado. Não foi legal.

Na doleira/pochete, além de dinheiro, cartão e documento, você deve levar um saco plástico para seu celular (pode chover, sempre tem gente jogando água pra cima nos blocos ou ir a algum bloco que tem um carro pipa jogando água) e é aconselhável também ter lenço umedecido ou papel higiênico (as chances de os banheiros químicos não terem papel são altas). Além disso, eu costumo levar protetor solar e álcool gel em potinhos pequenos (tipo aqueles de shampoo de hotel). Se você usa lente, leve um colírio.

4) O carnaval no Rio tem um fuso horário diferente. Especialmente no sábado e no domingo, os blocos começam cedo, perto das 8h da manhã. Isso faz com que a noite não seja muito prolongada. Você pode achar que não, mas isso é uma coisa maravilhosa. E, sempre é bom lembrar, os blocos são gratuitos, sem corda; é só chegar!

5) Sobre alimentação, minha dica é: faça um café da manhã reforçado (pão, frutas, bolo, etc) em casa e se alimente com mais tempo a noite. Evite parar seu carnaval no meio do dia para almoçar. Você vai demorar e pode perder o pique. Durante o dia, minha recomendação é comer alguns dos maravilhosos quitutes de rua do carnaval: espetinhos, batata frita, frango empanado, salsichão. Existem também diversas casas de suco no Rio de Janeiro que vendem algumas vitaminas energizantes, tigela de açaí, essas coisas. Essas são boas opções para dar aquele up necessário em alguns momentos.

6) Um Engov antes e outro depois ainda é válido. Lembre-se sempre de beber bastante água. Água de coco e Gatorade são muito bem-vindos também.

7) Se você tem problema com assadura na parte interna das coxas, essa questão vai te chamar a atenção no carnaval. Há algumas formas simples de resolver: bermuda/shorts de compressão, óleo mineral Johnson e/ou talco em gel Granado. A vaselina e o desodorante também dão conta, mas podem escurecer a parte da pele onde você aplicar. Se a prevenção não der certo, use uma pomada (como Bepantol) para continuar na folia.

8) Cuidado com as dicas daquele seu amigo super descolado. Isso porque há uma moda de ser “diferentão” no carnaval. Se você não escuta Roberto Carlos o ano todo e odeia o especial de natal da Globo, não é em pleno carnaval no Rio de Janeiro que você vai ir num bloco que toca só músicas dele, né?! Você também não precisa ir naquele bloco que só toca música inédita do Noel Rosa de trás pra frente, certo?

Optar pelo convencional, no caso do carnaval carioca, não é ruim. Se o bloco existe há 40 anos e enche, é um bom sinal. Como me disse uma amiga: “Clássico é chamado assim por um motivo. Acho que vale experimentar vez ou outra uma coisinha diferente, porém nunca no horário do garantidamente maravilhoso”.

9) Nos últimos dois anos, não fui a nenhum bloco na orla e priorizei o Centro e a Zona Portuária. Acredito que focar nessa região da cidade é a melhor forma de você ver um carnaval realmente diferente daqueles que existem em outras cidades praianas do Brasil.

10) Se você não conhece muita coisa de sambas e músicas carnavalescas cariocas, dá uma pesquisada, pra você não ficar boiando na hora que tocar aquele sambão e todo mundo cantar. Fiz uma playlist no Spotify para te ajudar.

11) Atenção para o dinheiro: especialmente no centro da cidade, muitos bancos ficam fechados e você não tem acesso nem ao caixa eletrônico. Ou seja, saque uma boa quantia antes do carnaval e vá usando durante os festejos, pra evitar perrengues. Quase a totalidade dos ambulantes já aceitam cartão de débito/crédito, mas é bom não arriscar (até porque usando cartão você precisa de mais atenção, já que acontecem golpes).

12) Várias regras são flexibilizadas no carnaval, mas uma sempre permanece: *não é não*. Portanto, nada de tocar e pegar onde não foi chamado. Ninguém merece ser assediado.

13) Nos blocos que fazem cortejo, sempre é possível ficar perto da corda, pra você ficar perto da banda e poder escutar direitinho. Muitas vezes ficar perto da corda é mais confortável do que ficar para trás. Tenha noção e não atrapalhe os músicos: o carnaval depende deles!