O rei de Camelot e o Maluco Beleza juntos, já imaginou? Repetindo a dobradinha bem-sucedida de contar um clássico com música brasileira contemporânea de trilha sonora, Guilherme Leme, pai disso tudo, traz mais um entretenimento diferenciado. Antes, ele havia materializado essa ideia mirabolante com “Romeu e Julieta” ao som de Marisa Monte. Agora, apresenta “Merlin e Arthur, Um Sonho de Liberdade” ao som de Raul Seixas!

• Post escrito pela colaboradora Carolina Machado.

Arthur, o grande guerreiro, contentor da espada de Excalibur e condutor dos doze cavalheiros da Távola Redonda. Merlin, o sacerdote que sopra nos ouvidos do rei a sabedoria ancestral. Bem-vindos a Camelot: o lugar de luta, magia e poesia.

Segundo a lenda, Camelot estaria situada numa alta montanha. Ali está o cantor Paulinho Moska, vivendo seu primeiro protagonista no teatro musical e mandando muito bem na condução de toda a trama. Trabalho árduo, ele faz o papel do Rei Arthur, o lendário líder britânico que, de acordo com as histórias medievais e romances de cavalaria, liderou a defesa da Grã-Bretanha contra os invasores saxões no final do século V e no início do século VI.

Bem que Camelot poderia ser o Brasil. Apesar de antiga, a história é incrivelmente atual. Arthur é a metáfora de um mundo melhor. “Você pode descobrir tarde demais que não há limites para a barbárie”, afirma o personagem em determinado trecho do espetáculo. Levados por um repertório composto de 25 músicas do imortal baiano Raul Seixas, romanos e bretões surgem de braços desarmados empunhando ideais que contagiam. Quer um não mais redondo ao armamento?

A história se passa na cidade de Camelot e é contada em duas fases, com o elenco se dividindo na interpretação dos papéis mais jovens e nos dias mais recentes. O amor e a busca pela liberdade são os temas centrais contados na história de Arthur, Guinevere e Lancelot, que é permeada por batalhas, conquistas, intrigas, paixões e sobretudo sonhos com um mundo melhor, igualitário, justo… Além da famosa formação da Távola Redonda. Arthur é carismático, seu caráter humanista encarna o mito da bondade e da justiça. Governa com empatia e compaixão, levando em consideração o grupo. Qualquer semelhança com nosso Brasil é mera coincidência. Mas, bem que podia ser aqui!

“Merlin e Arthur, Um Sonho de Liberdade”, grande produção em cartaz no Teatro Riachuelo, é recheada de efeitos visuais, como a participação da premiada atriz Vera Holtz, que dá vida a Merlin em forma virtual. A montagem traz uma inovação artística criativa: as linguagens do teatro, cinema e design estão sendo utilizadas pela primeira vez juntas no teatro musical.

Protagonizando a trama ainda, temos Larissa Bracher, fazendo seu debut como cantora. A bela atriz teve que aprender a cantar para interpretar a segunda fase de Guinevere e o faz muito bem. Gustavo Machado faz Lancelot, o melhor guerreiro da Távola Redonda. Como antagonistas, Kacau Gomes e Patrick Amstalden dão um show na pele do cômico casal do mal.

Para compor toda a magia e realizar a proporção única de Merlin, personagem que habita outra dimensão, Guilherme Leme, idealizador de tudo isso, foi além. O diretor teve a visão certeira de unir os elementos de linguagem cênica: cenografia, iluminação e projeções. Por isso, assinam juntos o set design para “Merlin e Arthur, Um Sonho de Liberdade”: Camila Schmidt, Anna Turra e Rogerio Veloso. Essa criação coletiva é um super diferencial que resulta em pura sofisticação!

Entre o trio rolou uma simbiose total. Houve entre eles admiração, afinidade estética e conceitual. Contam que as ideias e referências se complementaram e se misturaram a ponto de não saberem mais de quem ou de onde havia vindo cada sugestão, forma ou conceito. Camila é arquiteta e cenógrafa, Rogério, diretor de filmes, projetos multimídia e também vídeo artista, e Anna, designer e criadora em multimídias. Apaixonados pela relação entre matéria e luz e pelas proporções do espaço da cena, além de referências em cinema e artes visuais, estava estabelecida a coesão entre as três linguagens.

O texto de “Merlin e Arthur, Um Sonho de Liberdade” é de Márcia Zanelatto. Ela diz que começou a escrever pela poesia, como estava acostumada a fazer em peças intimistas, mas sentiu vertigem diante de uma plateia de mil espectadores e uma equipe com mais de cem profissionais. Foi na dramaturgia da Márcia que o pessoal da cenografia se inspirou, rubricas como “numa dobra do tempo”, “um espaço extemporâneo”, “silêncio sideral”. Guilherme também falava que via esta encenação numa topografia.

Figurino lindo ficou a cargo de João Pimenta e o visagismo é de Fernando Torquatto. O segundo explica as referências que usou: “Toda concepção é absolutamente inédita. Cenicamente muito sofisticada e com uma visão contemporânea. Trata-se de uma lenda clássica, onde bebemos na fonte das referências de época, mas de forma moderna. Particularmente, a atriz Vera Holtz, como o mago Merlin nos deu um desafio extra. Criamos um ser atemporal, sem gênero definido.”

A arte é mesmo sensacional… As músicas de Raul Seixas, cuja morte completa trinta anos em 2019, ajudam a narrar essa história e parece que foram especialmente compostas para a trama, formando um encaixe perfeito. Tudo aqui flerta com a magia. Se sonho sonhado junto vira realidade, o sonho de encantar o público foi realizado.

“Merlin e Arthur, Um Sonho de Liberdade” está no Teatro Riachuelo (Rua do Passeio, 38/40 – Centro), às sextas (20h), sábados (16h e 20h) e domingos (18h), de 15/03 a 26/05/19. Tem 2h15 de duração, com 15 minutos de intervalo. Ingressos custam entre R$50 e R$160 estão à venda na bilheteria do teatro (21 3554-2934 / 2533-8799), na loja Riachuelo Ipanema (Rua Visconde de Pirajá, 321) ou pelo site do Ingresso Rápido. Importante: as sessões do dia 12/04 ao dia 21/04 têm preço especial e 50% do valor será doado para as vítimas da chuva no Rio! Nessas datas, os ingressos custam entre R$ 20 e R$ 60. Mais informações no  Facebook de “Merlin e Arthur, Um Sonho de Liberdade”.

Crédito das fotos: Caio Gallucci

Leia também nosso post sobre “Romeu e Julieta” ao som de Marisa Monte, que esteve em cartaz no Rio em 2018.

 *A experiência contada nesse post foi uma cortesia do espetáculo.

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