Comédia muda espetacular e original feita com muito esmero. Elenco, cenário, música, luz, figurino, direção criativa, tudo nos trinques e na mais perfeita harmonia! Daquelas peças que você agradece por assistir. Sem exagero e sem bajulação, porque são meus conterrâneos mineiros, mas é tão gratificante ter a sorte de vivenciar espetáculos de linguagem única e irreverentes como “No Pirex”.
- Post escrito pela colaboradora Carolina Machado.
É bem conhecida a música “Comida”, de autoria de Arnaldo Antunes, que canta: “A gente não quer só comida / a gente quer comida diversão e arte.” Saímos do teatro assim, com sensação de satisfação e completude, de uma horinha prazenteira e bem vivida; Alegres por termos tido a oportunidade de vivenciar esse teatro inovador, que espero, muitos possam assistir. “No Pirex”, do Grupo de Teatro Armatrux, é tão completo e caprichado que precisa ser apreciado por bastante gente. Eles merecem!
A companhia fundada em 1991, em Belo Horizonte, soma 20 espetáculos em sua trajetória. O grupo Armatrux já passou por todos os estados brasileiros. Torço para que expandam seu trabalho bem feito e criativo aos quatro cantos. “No Pirex”, nascido em 2009, foi selecionado pela Revista Bravo (2011) como um dos melhores espetáculos e também ganhou alguns prêmios, passando por mais de 20 cidades brasileiras, além de ser apresentado em festivais na Argentina, Bolívia e Chile.
São 27 anos de pesquisa teatral e 10 anos de parceria promissora com o diretor e dramaturgo mineiro Eid Ribeiro. União que já gerou quatro premiadas experimentações. O diferencial do Armatrux é a estética combinada com o trabalho físico. Eles usam muito a manipulação de objetos, imagens, bonecos e circo, inovando em inúmeras possibilidades de encenação. A cia teatral tem espetáculos voltados para os públicos infantil e adulto.
“No Pirex”, peça em temporada no CCBB Rio, utiliza de linguagem não verbal, comédia do absurdo, clown e manipulação de objetos do dia a dia para apresentar a interação de cinco personagens num restaurante ao redor de uma mesa. É tudo grotesco, surreal, gótico. É horrendo, mas é bonito, é medonho, mas é belíssimo. É um feio e grotesco carregado de beleza!
Visualmente as cenas parecem fotografias e os personagens são como retratos. Tudo está em sintonia, luz, elenco e cenário, apesar do caos! A atuação dos atores é tão impecável, que quando estão os cinco em cena, fica difícil saber pra qual deles olhar. É notável a maturidade do grupo. E a música coroa toda essa atmosfera e coreografia. O criativo diretor Eid Ribeiro é quem também assina a trilha sonora.
A dramaturgia é do Eid Ribeiro e do Grupo de Teatro Armatrux. Formam o elenco de “No Pirex” os atores Cristiano Araújo, Eduardo Machado, Paula Manata, Raquel Pedras e Tina Dias. Cenário e figurino sensacionais são crias de Eduardo Félix e design de luz, de Bruno Magalhães e Bruno Cerezolli. Os tons neutros, e todo o conjunto dessa comédia muda, nos faz achar que estamos diante de um filme em preto e branco de Charlie Chaplin.
O que se vê no palco são brincadeiras e improvisação e um cuspe na cara da sociedade e dos bons costumes. Não dá nem pra contar o enredo porque são várias as possibilidades de interpretação. Mas certamente fala de relações de poder, através da dona de um restaurante e seus empregados, garçons e cozinheira. E de um velho – seu marido, talvez? – que literalmente come os pratos que lhe são servidos.
Eu, particularmente, me apaixonei pela cozinheira e sua expressão de deboche. Achei o personagem mais interessante, bastava olhar pra sua cara de dissimulada… É uma comédia do absurdo, é engraçado e é macabro, às vezes a gente ri de nervoso. É bem animado, assustador e criativo!
“No Pirex” encanta pela riqueza de detalhes, por isso dá vontade de assistir de novo, pelo elenco e direção sublimes, pela graça. Impecável! Planta na gente uma sementinha de ludicidade. Depois de toda aquela pândega, a sensação é de que tudo vai dar certo. Saí leve, sorridente, descontraída e com espírito zombeteiro.
Aproveite o “combo”: as exposições Jean-Michel Basquiat (até 07/01) e Athos Bulcão, arquiteto e ceramista carioca (até 28/01) + “No Pirex” no teatro. Tá demais a programação do CCBB!
“No Pirex”, do grupo de teatro Armatrux, faz temporada no CCBB Rio – Teatro I (Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – 21 3808-2020) de 16/11 a 17/12. Sessões de sexta a segunda, às 19h. Ingressos custam R$30 inteira e R$15 meia e podem ser comprados na bilheteria do CCBB ou online. O espetáculo dura 60 minutos e tem classificação indicativa de 12 anos. Mais informações no site e facebook do Armartrux.
Créditos das fotos: Bruno Magalhães/Agência Nitro
*A experiência contada nesse post foi uma cortesia do espetáculo.
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