Depois de ir do livro para a tela, o romance ganhou sua primeira montagem mundial para o teatro. Adaptações são muito interessantes porque transitam entre diferentes linguagens, primeiro o livro físico, depois o cinema e agora, os palcos. Aqui é narrada a história de um homem que se entregou à solidão. Um ex militar desesperado e sem luz. “Perfume de Mulher” trata da transformação do ser humano!
- Post escrito pela colaboradora Carolina Machado.
A versão norte-americana de “Perfume de Mulher” deu a Al Pacino seu primeiro Oscar e o Globo de Ouro de melhor ator em 1993. O longa também foi galardonado com o Globo de Ouro de melhor filme de drama e melhor roteiro, além de várias indicações.
É bem provável que você tenha assistido ao filme e ainda se lembre de uma cena marcante em que o protagonista cego dança um tango de Carlos Gardel com tamanha segurança e elegância. E se você gosta de carros, certamente se recordará da insólita cena em que ele, sem enxergar, dirige uma Ferrari.
Eis que em 2019 nasceu e a primeira versão para os palcos, que, depois de turnê pelo Brasil e Portugal, volta para uma curta temporada no Rio. “Perfume de Mulher” tem origem nos dois filmes homônimos, ambas adaptações cinematográficas bem-sucedidas da novela de Giovanni Arpino. Além da versão com Al Pacino em 1992, a primeira foi uma produção italiana, lançada em 1974, sob a direção de Dino Rosi e com Vittorio Gassman no papel principal.
A ideia (e execução) de adaptar este romance para os palcos foi de Silvio Guindane e Walter Lima Jr, protagonista e diretor da peça, respectivamente. Um dia passeando de bonde por Portugal, Walter externou: “Silvinho, sabe que filme daria uma baita peça? Perfume de Mulher”. Desde então, Silvio Guindane ficou matutando esse assunto até finalmente comprar os direitos da obra que inspirou “Perfume de Mulher”.
Eu adoro vivenciar adaptações, é uma aventura contar a mesma história, mas com novas referências. Fico muito curiosa pra ver como irão coordenar esse deslocamento de linguagens. Essa tradução entre meios semióticos é instigante!
O espetáculo conta a famosa história do fascinante tenente-coronel Fausto (Silvio Guindane), um homem sedutor, agora amargurado com a vida, após um acidente que o deixou cego. Ele planeja uma viagem à Itália, regada a bebidas e luxo, antes de dar fim a sua existência desgraçada pela cegueira. Como companhia nessa via-crúcis existencial, ele contrata um cuidador, o jovem estudante Ciccio (Eduardo Melo), apaixonante.
Também estão no elenco Saulo Rodrigues, que interpreta com louvor dois personagens, um padre e uma drag queen, e Natália Lage, quem dá vida à Sara, o grande amor do militar. Nessa versão é interessante notar o destaque do papel feminino. Aqui é a mulher quem começa narrando esta história. As interpretações dos atores são muito boas, os papéis são intensos, e eles são transformados ao longo dessa viagem por Gênova, Roma e Nápoles.
Não poderia ser diferente diante da história de um homem solitário e perdido decidido a se matar. Porém esta não é uma história derrotista, fala de orgulho e também afeto, fala de relações profundas sendo estabelecidas, como a amizade que cresce entre Ciccio e Fausto, e a personagem Sara, que sabe o que quer e não é subserviente. Estes encontros trazem reviravoltas. O final é potente, o elenco termina embargado de emoção. É uma história que não tem nada de rasa.
Pedro Brício, profícuo roteirista sempre presente na cena carioca, assina o roteiro juntamente com Silvio Guindane e Walter Lima Jr (cineasta de “A ostra e o vento” e “Os desafinados”, estão aí ótimas recomendações de filmes para assistir!). O cenário usa e abusa de projeções de vídeo, inclusive com uma cena clássica do curta surrealista Cão Andaluz, de Luis Buñuel e Salvador Dalí. Projeção videográfica de Dado Marietti, iluminação de Daniel Galván e direção de arte e cenografia de José Dias.
A peça “Perfume de Mulher” inaugurou o Teatro PetroRio das Artes, em janeiro de 2019. Depois passou por São Paulo, Campinas, São José do Rio Preto, Porto Alegre, Vitória, Fortaleza e Portugal. Em 2020, faz curtíssima temporada no Teatro XP (no Jockey Club) de 09/01 a 19/01, com sessões de quinta a domingo às 20h30. Ingressos custam R$ 80 inteira e R$ 40 meia.
Crédito das fotos: Guto Costa / Jairo Goldflus / Dalton Valério / Marcos Ramos
Observação: na primeira temporada da peça, a personagem Sara foi vivida por Gabriela Duarte.
*A experiência contada nesse post foi uma cortesia do espetáculo. Publicado em 17/01/19 e atualizado em 05/01/20.
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