Carmen”, com dramaturgia de Luiz Farina e direção de Nelson Baskerville, está em cartaz no Rio de Janeiro. A trágica história de um triângulo amoroso apresenta nova leitura da novela clássica de Prosper Mérimée, aquela que deu origem à ópera. Paixão, dor, liberdade, flamenco, touradas e uma brava mulher são os ingredientes dessa saga que exala sensualidade. Olé!

Uma mulher (e que mulher!), Carmen, a cigana bailaora de hábitos marginais que leva os homens à loucura. Carmen, irrequieta e sensual, soberana de suas vontades, de espírito absolutamente livre! A intensa andaluza seduz e induz seus amantes à danação, fazendo com que percam os escrúpulos entregando-se ao destino.

“Carmen”, o conto clássico de Prosper Mérimée (1803-1870), publicado em 1845, virou ópera tornando-se famosa pelas mãos de Georges Bizet e conta com mais de 30 versões no cinema. Perguntado por que escolheu Carmen, uma história tão conhecida e revista, o diretor paulista, Nelson Baskerville, respondeu: “Para mim, porque pessoas continuam morrendo por isso e precisamos recontar a história até que não sobre nenhuma gota de dor.” Ele se refere às paixões arrasadoras, aos crimes passionais, ao feminicídio! Idealizadores do projeto, o casal em cena e também na vida real, Natalia Gonsales e Flávio Tolezani, acredita que toda releitura de um clássico é uma nova descoberta. Concordo!

A história de Carmen se passa no sul da Espanha, região conhecida como Andaluzia, berço do flamenco. No país das touradas, o ex-soldado José (Flávio Tolezani) se apaixona perdidamente pela sensualíssima cigana Carmen (Natalia Gonsales) e tornam-se amantes, ainda que Carmen reafirme sua liberdade para escolher seus amores e o advirta da fatalidade dessa aproximação. Louco de paixão e ciúmes, acompanhamos sua degradação moral, José torna-se bandido e logo, o assassino que dá um final trágico à relação. Completando o trio, o ator Vitor Vieira interpreta o marido preso de Carmen e o toureiro Lucas.

A trama é contada pelos três elementos do triângulo amoroso, mas aqui, diferentemente do conto de Mérimée, cujo narrador principal é José, o ponto de vista que nos interessa é o de Carmen, a mulher assassinada. José narra seu amor por ela e o motivo que o levou à prisão e ela também dá sua versão revelando-se uma mulher fascinada pelo risco, que não teme a morte e que é capaz de prever seu trágico destino, uma cigana.

Para envolver uma paixão ardente dessas, o cenário deve ser quente, e é! A construção cênica explora a cultura cigana numa linguagem contemporânea. Tem touro, tem dança flamenca arrebatadora, por si só, um baile intenso, impetuoso e emocionante. As coreografias são da bailarina Fernanda Bueno, o flamenco de Andi El Canijo, cenário e iluminação de Marisa Bentivegna e figurino de Leopoldo Pacheco e Carol Badra. Tudo lindo demais!

Um clássico atravessa o tempo porque as questões atuais são outras e podem ser, portanto, ressignificadas. A leitura que se faz em Carmen é constatar um comportamento que pouco mudou ao passar de séculos. Nas palavras do diretor, os crimes são muitas vezes justificados pelo comportamento “lascivo” das vítimas e “nessa encenação Carmen morre não porque seu comportamento justifique qualquer tipo de punição, mas porque José é um homem, como tantos outros, doente como a sociedade que o criou”. Sentimos por sua morte. “Carmen” é vibrante e apaixonante!

“Carmen, de Luíz Farina e direção de Nelson Baskerville” está no Teatro Poeira (Rua São João Batista, 104, Botafogo) até 28/10, de quinta a sábado às 21h e domingos às 19h. Ingressos custam R$60 inteira e R$30 meia na bilheteria do teatro (funcionamento: terça a sábado 15h às 21h e domingo 15h às 19h – 21 2537-8053) ou online. Fique atento às promoções na página de “Carmen” no facebook. Classificação: 14 anos.

Crédito das fotos: Ronaldo Gutierrez

*A experiência contada nesse post foi uma cortesia do espetáculo.

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