A G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis é a maior escola da baixada fluminense. Fundada em 1948, já foi 14 vezes campeã, sendo a maior ganhadora da “Era Sambódromo” (que foi inaugurado em 1984). Em 2020, busca se recuperar de uma das piores colocações de sua história em 2019.
A Beija-Flor é uma máquina de desfilar. A escola produziu ao longo do tempo uma forma de ensaiar e organizar o carnaval que a torna sempre favorita. Enquanto muitas escolas ainda apostavam em alas comerciais, a Beija-Flor sempre priorizou as alas de sua comunidade, fortalecendo então quesitos como harmonia e evolução.
Outro destaque da escola é o intérprete Neguinho da Beija-Flor, que comanda o carro de som da Deusa da Passarela desde 1976.
VERSO A VERSO
Ê Laroyê Ina Mojubá
Adakê, Exu, ô, ô, ô
O refrão principal começa com saudações a Exu, visando abrir os caminhos para o desfile da Beija-Flor. Laroyê é a saudação a exu, Ina Mojubá é o exu primordial e a adakê é a oferenda para exu.
Segura o povo que o povo é o dono da rua
Ô corre gira que a rua é do Beija-Flor!
A segunda parte do refrão anuncia o enredo da escola (oficialmente chamado de “Se Essa Rua Fosse Minha”) e diz que a rua é do Beija-Flor, símbolo da escola.
Preceito!
Minha fé pra seguir nessa estrada
Odara ê! Reina firme na encruzilhada
Abram os caminhos do meu Beija-Flor
Por rotas já trilhadas no passado
O tempo de tormenta que esse mar levou
Revela este novo Eldorado
Nas trilhas da vida, desbravador
Destino traçado, vencedor
Nos becos da solidão
Moleque de pé no chão
E nessas andanças, eu sigo teus passos
São tantas promessas de um peregrino
É crer no milagre, sagrados valores
Em tantos altares, em tantos andores
A vela que acende, a dor que se apaga
A mão que afaga se torna corrente
Diante de um enredo com uma sinopse bastante confusa e sem uma conexão entre os temas que procura abordar, os compositores resolveram trazer a fé como forma de falar da viagem pelas ruas que seria o objeto do enredo. Vale registro da referência a Odara, o exu da felicidade.
Nilopolitano em romaria
A fé me guia! A fé me guia!
Nesse refrão é feita uma referência aos desfilantes da Beija-Flor (a escola fica na cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense), conhecidos por sua abnegação e amor à agremiação.
Em meus devaneios
Entre o real e a imaginação
Saudade persiste, insiste em passear no coração
Feito um poema à beira-mar
Canto pra te ver passar
Me vejo em teu caminho
Nessa imensidão azul do teu amor
E às vezes, perdido
Eu me encontro em tuas asas, Beija-Flor
A segunda parte do samba procura aproximar o enredo com a escola.
Por mais que existam barreiras
Eu vim pra vencer no teu ninho
É bom lembrar
Eu não estou sozinho
O samba termina de forma otimista, mostrando que a Beija-Flor é a escola que mais ganhou títulos no sambódromo (e por isso pode chamar o lugar de seu ninho), dizendo que as barreiras do passado (como as que fizeram a escola quase ser rebaixada em 2019) serão superadas. Ao falar que não está sozinho, há também um encadeamento com o refrão principal, quando é feito um pedido de licença para Exu.